A responsabilidade tributária em grupos econômicos representa um tema que, segundo Leonardo Manzan, desperta grande atenção tanto de empresários quanto de operadores do Direito. A questão envolve a solidariedade ou a confusão patrimonial, gerando implicações sérias para a segurança jurídica e a gestão dos negócios.
Essa discussão ganhou força com recentes decisões judiciais e com os debates em torno da Reforma Tributária, já que impacta diretamente a organização dos grupos empresariais. Compreender os limites da responsabilidade entre empresas do mesmo grupo torna-se essencial para evitar riscos fiscais e proteger o patrimônio das companhias.
Conceitos e fundamentos da responsabilidade tributária em grupos econômicos
Para Leonardo Manzan, é crucial distinguir solidariedade tributária de confusão patrimonial, pois confundir esses conceitos pode trazer consequências severas às empresas. No Direito Tributário, a solidariedade ocorre quando a lei prevê que mais de um sujeito passivo responde, de forma indistinta, pelo pagamento do tributo.
Ou seja, mesmo que a obrigação tenha surgido em nome de uma empresa específica, outras integrantes do grupo podem ser chamadas a quitar o débito. Já a confusão patrimonial caracteriza-se pela mistura de bens e recursos entre empresas, tornando irreconhecíveis as personalidades jurídicas de cada uma.
Solidariedade tributária: limites legais e interpretações judiciais
A solidariedade tributária, conforme frisa o Dr. Leonardo Manzan, está prevista no Código Tributário Nacional. No entanto, não pode ser presumida ou aplicada sem base legal expressa. Embora a legislação apresente certa clareza, a prática revela interpretações amplas por parte do Fisco e do Judiciário, gerando insegurança jurídica.
Frequentemente, o Fisco tenta responsabilizar empresas do mesmo grupo alegando integração societária e objetivos comuns. Contudo, a simples existência de vínculos societários não configura automaticamente a solidariedade tributária. É fundamental que haja previsão legal ou provas concretas de atuação conjunta relacionada ao fato gerador do tributo.
A confusão patrimonial e seus riscos à autonomia societária
Sob outra ótica, a confusão patrimonial, de acordo com o Prof. Leonardo Manzan, é uma situação delicada que pode justificar o redirecionamento da cobrança tributária. Quando ocorre mistura indiscriminada dos patrimônios, a separação das personalidades jurídicas se perde, comprometendo a autonomia das empresas.

Nesse cenário, o Fisco pode estender a cobrança tributária às demais empresas do grupo ou até mesmo aos sócios. O grande desafio está em comprovar a confusão patrimonial, já que não basta haver negócios entre empresas do mesmo grupo. É preciso identificar uma verdadeira fusão patrimonial que torne indistintos direitos e obrigações.
Boas práticas para evitar riscos fiscais em grupos econômicos
Para reduzir riscos, o tributarista Leonardo Manzan aponta que manter gestão contábil rigorosa e documentos societários bem estruturados é fundamental. É necessário comprovar a autonomia de cada empresa, mantendo contas bancárias separadas, escrituração contábil individualizada e contratos formais entre empresas do grupo.
Além disso, revisões periódicas nas operações e auditorias independentes contribuem para afastar suspeitas de confusão patrimonial ou solidariedade indevida. Leonardo Manzan frisa, ainda, que contar com uma assessoria jurídica especializada, capaz de identificar riscos e evitar litígios longos e custosos é essencial.
Perspectivas diante da Reforma Tributária
O cenário da Reforma Tributária também merece atenção, pois, conforme ressalta o Dr. Leonardo Manzan, poderá trazer novas regras sobre responsabilidade tributária. A proposta de simplificação e centralização tributária em discussão pode alterar profundamente os critérios de responsabilização.
Tais mudanças exigirão cuidado redobrado por parte dos grupos econômicos, especialmente em operações societárias como fusões, cisões e incorporações. Estar atualizado sobre as discussões legislativas e as interpretações dos tribunais será crucial para planejar a gestão tributária com segurança e eficiência.
Em síntese, a responsabilidade tributária em grupos econômicos exige análise cautelosa, equilibrando a autonomia societária e a proteção ao crédito tributário. Para Leonardo Manzan, o tema continuará relevante, sobretudo diante das transformações trazidas pela Reforma Tributária e pela evolução da jurisprudência sobre solidariedade e confusão patrimonial.
Autor: William Brewer
